sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Refrigerantes peruanos vão disputar público brasileiro de baixa renda

A partir do ano que vem, os irmãos peruanos Añaños vão começar a produzir e a distribuir seus refrigerantes no Brasil. Com as marcas Kola Real, Big Cola e outras, a família pretende disputar a população de baixa renda. Duas fábricas, a Ajegroup e a San Miguel, serão instaladas nos Estados do Rio de Janeiro e da Bahia.
O preço das bebidas é equivalente à metade do valor de uma tubaína nos 12 países em que os fabricantes já estão presentes. No ano passado, a Ajegroup faturou US$ 1,3 bilhão, apesar da crise financeira mundial. O resultado deu força a uma meta antiga da empresa de entrar no mercado brasileiro de bebidas.
Mas parece que a vinda das duas empresas para o Brasil ao mesmo tempo foi apenas uma coincidência. Aqui, elas serão concorrentes. A San Miguel veio primeiro e iniciou em março deste ano a construção de uma fábrica em Alagoinhas, a 70 quilômetros de Salvador. Jorge Añaños, proprietário, anunciou investimentos de R$ 28 milhões na planta, que será inaugurada em março do ano que vem, com 500 funcionários. "Ainda estamos estudando o mercado para identificar que marcas, além da Kola Real, terão mais aceitação do público brasileiro", disse Raul Vargas, executivo da San Miguel, que está no Brasil para comandar o início das operações.
No Rio de Janeiro, a Ajegroup vai começar a produção numa fábrica com 200 funcionários, que deve ser inaugurada no primeiro semestre do ano que vem. A empresa trará para o País sua principal marca, a Big Cola. Aqui, ela será comercializada, inicialmente, em garrafas de 600 ml, mas o preço ainda não foi definido. Em outros mercados, uma garrafa de três litros da bebida é vendida, em média, por US$ 1.
Briga entre irmãos
A primeira empresa da família Añaños foi fundada na década de 1980, numa cidade peruana miserável, berço do grupo terrorista Sendero Luminoso. Com os saques promovidos aos caminhões de grandes empresas, a região passou a sofrer com o desabastecimento de mercadorias, incluindo refrigerantes.
Pepsi e Coca-Cola pararam de chegar aos mercadinhos e restaurantes. Na época, o patriarca da família, Eduardo Añaños, trabalhava na agricultura, mas decidiu aproveitar a escassez de bebidas para mudar de ramo. Colocou os dois filhos engenheiros para pesquisar a fórmula de um novo xarope de refrigerante. No quintal de casa, eles criaram a Kola Real, primeiro e mais famoso produto da empresa.
Foi o filho mais velho, Jorge Añaños, quem desenvolveu a bebida. Ele sempre esteve à frente dos negócios com os quatro irmãos. Mas, há três anos, uma briga entre eles tirou o primogênito da companhia. A discrição da família fez com o que o desentendimento só se tornasse público no ano passado.
Jorge criou uma nova indústria de bebidas, a San Miguel, e, num acordo com os irmãos, ficou com o direito de comercializar a marca Kola Real no mercado chileno. Lá, as duas empresas dividiram a atuação no território. A Ajegroup atua mais na capital e a San Miguel, no interior.
O acordo estava dando certo e os negócios, até aqui, eram complementares. Os irmãos seguiam com a política de internacionalização e Jorge com a meta de ganhar mercado no interior do Chile. Essa "harmonia", no entanto, parece estar com os dias contados, porque, sem combinar, as duas companhias estão desembarcando no Brasil.
Fonte: O Estado de S. Paulo

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