sexta-feira, 29 de outubro de 2010

CLASSE C PREFERE VAREJO DE RUA EM VEZ DE SHOPPING

Se há a opção de comprar em lojas localizadas em shopping centers ou estabelecimentos ao ar livre, os consumidores que integram a nova classe média brasileira – a chamada classe C – optam pela segunda alternativa. É o que revela o estudo “Classe C Urbana do Brasil: Somos Iguais, Somos Diferentes”, realizado pelo Ibope e divulgado nesta terça-feira (05/10).
Cerca de 60% de quem integra a classe C1 e 53% da classe C2 compram na rua, enquanto os que compram em shopping somam 38% e 29%, respectivamente. Já na classe AB1, 74% vão a centros fechados enquanto 67% compram em varejo de rua.
Apesar de notar o crescimento de público em centros de compras próximos a estações de metrô, em regiões periféricas e em localidades onde impera o comércio popular, de acordo com o Ibope há fatores que justificam essa escolha.
“Eles preferem o varejo de rua porque se sentem mais à vontade, ou porque os shoppings geralmente cobram estacionamento, ou porque fica perto do ponto de ônibus ou da casa dele...”, explica Dora Câmara, diretora comercial do instituto de pesquisa. “Isso não significa que eles não frequentam os shoppings, até porque conforme a renda dessas pessoas aumenta, seus hábitos de consumo mudam”, complementa.
Os consumidores da classe C também não usam a internet para comprar com a mesma assiduidade das classes A e B. Apenas 9% dos pertencentes à classe C1 compram pela rede, enquanto na AB1 esse percentual sobe para 30%.
De acordo com Dora, isso ocorre por dois fatores: a rede ainda é vista pela maioria como meio de se relacionar (28% acessam sites como Orkut, entre outros); e, apesar de 53% terem cartão de crédito, eles ainda temem apresentar dados sigilosos no momento do pagamento.
O Ibope ouviu 20 mil indivíduos com idade entre 12 e 64 anos de nove regiões metropolitanas, além de cidades do interior das regiões Sul e Sudeste do Brasil, durante o ano de 2009. Cada entrevistado respondeu a mil perguntas. A pesquisa representa 32 milhões do total de quase 100 milhões de brasileiros que integram a chamada classe C.
É importante ressaltar, porém, que o levantamento segue critérios diferentes de classificação da Fundação Getúlio Vargas (FGV), por exemplo. A FGV determina a classe de um indivíduo de acordo com sua faixa de renda familiar (classe C, neste caso, são as famílias que ganham de R$ 1.126,00 a R$ 4.854,00 ao mês). Já o Ibope segue a metodologia que leva em consideração a quantidade de bens que cada família possui (quantas TVs, geladeiras, banheiros, etc).
Seguindo esses critérios, a pesquisa concluiu que a classe C é composta em sua maioria por afrodescendentes (negros e mestiços), é mais consciente no ato da compra (65% planejam uma aquisição antes de efetuá-la) e é preocupada com o nome na praça (61% evitam contrair dívidas).
Também se importam com a aparência (72% considera importante estar atraente ao sexo oposto e, 64%, manter-se jovem), com responsabilidade social e voluntariado (apesar de não fazerem muito para mudar hábitos de consumo ou executar algum trabalho solidário).
“Um aspecto importante é a questão da autoestima: eles querem parecer bem sucedidos perante a sociedade”, nota Dora. Por isso, 9,5 milhões dos entrevistados pretendiam comprar um automóvel novo ou usado em 2010 e 19% disseram que queriam comprar um imóvel no mesmo período.

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