terça-feira, 20 de julho de 2010

Consumo ainda impulsiona crescimento econômico

Embora em ritmo menos intenso do que em 2007 e 2008 (antes da crise), o consumo ainda será um dos propulsores do crescimento econômico neste e nos próximos anos, no cenário do governo. Para 2010, tanto o Ministério da Fazenda quanto o Banco Central trabalham com expansão de 7% para o consumo das famílias.

Embora a previsão mostre expansão ainda elevada, a expectativa da área técnica da Fazenda é de que as famílias façam agora uma espécie de "ajuste de fluxo de caixa", ou seja, rearranjem suas despesas. Nesse cenário, o consumo entraria numa fase de maior acomodação, mas ainda terá combustível do aumento do emprego, renda e crédito, embora os juros mais altos desestimulem este último.

Apesar da pressão de vários setores, o governo também não pretende dar incentivos fiscais adicionais para estimular o consumo e o crescimento. Assim, não se espera, a partir de agora, explosão do consumo que possa comprometer a saúde da economia e, principalmente, as contas externas, que vêm sofrendo com a alta forte das importações de bens e serviços por causa da falta de capacidade da produção interna atender à demanda.

Esse quadro de elevação do consumo gera benefícios para a economia, mas também impõe riscos, especialmente diante do fato de que em boa parte é baseado no crédito. Como há maior número de consumidores, a nova classe média que ainda não dispõe de histórico de crédito, o risco é uma onda de inadimplência no futuro.

O economista-chefe da MB Associados, Sérgio Vale, é um dos que vê o risco, embora para o longo prazo. "Não cabe no bolso desse consumidor a prestação do imóvel, do carro, dos móveis e do vestuário, tudo ao mesmo tempo. A quantidade de crédito tomada pode trazer problemas se de fato houver concessão desenfreada sem garantia de qualidade creditícia do devedor. Acho que o Brasil nos próximos anos, num período mais longo de tempo, tem tudo para passar por uma crise de crédito, como quase todos os países no passado".

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