quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Compras coletivas buscam novas estratégias para fisgar consumidor

Os sites de compras coletivas começam a explorar novas formas de interação com o consumidor. Agora, além de receberem ofertas segmentadas por região de uma cidade, eles também poderão ganhar créditos a cada compra efetuada pelos novos usuários que indicar – e, em breve, receberão avisos de descontos no celular, com base em informações de geolocalização.

A bandeira dessas mudanças – um movimento que alguns já chamam de “Compras Coletivas 2.0” – já foi levantada pelo site Oferta Única, que desde a semana passada divulga, para a cidade de São Paulo, promoções segmentadas por zona (Norte, Sul, Leste e Oeste). Inaugurado em junho de 2010, o site afirma contar com 350 mil usuários cadastrados e garante ter superado, em receita, o atual líder de mercado (o site Peixe Urbano), na comparação dos três primeiros meses de operação de cada site.

“A maioria dos sites brasileiros simplesmente copia o modelo do americano GroupOn”, aponta o sócio-diretor do Oferta Única, Rodrigo Monzoni. “Se continuarem deste jeito, estes sites vão morrer. A gente já tenta ir além (desse modelo)”, argumenta.

Vários sites já vêm experimentando diferenciais, como forma de se destacar. No começo de setembro, o site ClickOn ofertou, numa combinação inusitada, um cupom para compra de bens em outro site, Brands Club, voltado para itens de moda, como roupas, relógios e calçados.

Líder do segmento, o site Peixe Urbano comemorou a marca de 1 milhão de usuários cadastrados, atingida no fim de agosto, com a distribuição de 25 milhões de reais em cupons de crédito. Cada pessoa cadastrada recebeu cinco cupons, no valor de cinco reais cada, para distribuir aos amigos.

No Oferta Única, a mudança mais visível foi a abolição da formação de grupo – na maioria dos sites, é preciso que um número mínimo de interessados se comprometa com a compra para que ela se torne válida. “A formação de grupos está em desuso. Qualquer boa oferta ultrapassa em muito o número mínimo”, explica Monzoni.

Pela vizinhança

Já a segmentação por zonas da cidade, que teve início há uma semana, foi resultado de uma pesquisa efetuada com base nos dados dos usuários cadastrados. “Percebemos que 80% dos gastos dos usuários ocorrem em estabelecimentos próximos de onde eles moram ou trabalham”, conta o diretor.

Com a segmentação, o Oferta Única acredita que seus consumidores poderão encontrar ofertas mais relevantes. Para as empresas participantes do sistema, a mudança também traz benefícios, explica Monzoni. “Ao divulgar uma oferta para toda a cidade, corremos o risco de atrair para o negócio um cliente que não se tornará habitual. A segmentação é uma proposta melhor para os dois lados.”

Os efeitos deste upgrade começam a aparecer. Segundo o site, o faturamento originado na cidade de São Paulo cresceu 177% depois que se aplicou a divisão por regiões (o número representa a variação entre o faturamento da semana imediatamente anterior à divisão com a semana seguinte).

Voucher na hora

A entrega do voucher na hora é outro aperfeiçoamento oferecido pelo Oferta Única, diz o diretor. É ele que permite a utilização do desconto no estabelecimento.

“Nos outros sites, você compra (o serviço ou produto) e não consegue usar na hora. É preciso esperar de dois dias a até uma semana. Isso frustra a expectativa do usuário. As pessoas não querem esperar”, lembra Monzoni, que diz que, no Oferta Única, o voucher é enviado logo após a confirmação do pagamento pela operadora de cartão de crédito.

Segundo o Oferta Única, o modelo permite, por exemplo, que o consumidor utilize seu smartphone para comprar uma oferta, que poderá ser utilizada em seguida bastando apresentar ao responsável pelo estabelecimento o e-mail recebido no próprio smartphone.

O smartphone, aliás, será peça fundamental de outra evolução do serviço: a oferta de promoções com base na geolocalização do consumidor. A ideia é que, pelo GPS do aparelho, ele informe sua posição geográfica na cidade – e receba, na hora, ofertas dos estabelecimentos mais próximos do local onde está.

“Estamos fazendo testes, mas os resultados ainda dependem do navegador utilizado”, revela Monzoni. “Mas é o caminho pelo qual estamos evoluindo. “Queremos fornecer ofertas não apenas pela localização, mas pelo perfil do consumidor. Nós temos a atenção dele uma vez por dia. Por isso, consideramos um desperdício enviar uma oferta que ele não irá utilizar.”

Bônus em cascata

Outro pilar das “Compras Coletivas 2.0”, segundo Monzoni, é a utilização de recursos de rede social – uma forma de promover a expansão orgânica da massa de usuários cadastrados. Enquanto outros sites oferecem um bônus único na indicação de novos associados – que, geralmente, tem valor de 10 ou 12 reais –, o Oferta Única implantou um sistema de “marketing multicamada”.

“Nosso sistema de indicações tem quatro níveis”, explica Monzoni. “A partir do momento que você indica alguém, ganhará um porcentual sobre todas as compras efetuadas pela pessoa indicada. Se essa pessoa indicar mais pessoas, você também ganhará”, detalha.

Nesse sistema, o amigo que o consumidor indicar lhe renderá 3% de cada compra efetuada. O amigo de seu amigo proporcionará 1%. Os “amigos” de terceiro nível renderão 0,7% e os de quarto e último nível, 0,3%. Além disso, essas bonificações são perpétuas, e não premiações oferecidas apenas na primeira compra.

A febre dos sites de compras coletivas teve início em meados de março e ainda mostra vigor. Na semana passada, uma marca de peso na Internet brasileira, o BuscaPé, anunciou a compra, por valor não revelado, do agregador de ofertas de compras coletivas ZipMe, criado pelos donos do site Coletivar. Com a compra, o agregador passou a ser chamado de SaveMe.

Tal como outros sites de compras coletivas, o Oferta Única entende que o setor passa hoje, no Brasil, por uma seleção natural. “Acredito que, dos cerca de 20 que operam hoje, irão prevalecer cinco ou seis sites, que vão concentrar as melhores ofertas”, aponta Monzoni.

“As marcas que tendem a permanecer tendem a virar marcas nacionais. Boa parte dos sites menores não deverá encontrar viabilidade financeira. Para se manter nesse mercado é preciso ter escala”, conclui.
Fonte: IDG Now!

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