terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Tire o telefone do gancho

"Tire o telefone do gancho". Essa foi a primeira frase que escutei ao adentrar certa vez em uma farmácia. A frase foi dita pelo entregador da farmácia. O motoboy em questão parecia já estar incomodado com os muitos pedidos via delivery. Você sabe como é: mudança no clima e uma típica noite fria fazem com que muitos evitem sair de casa, motivo pelo qual as entregas de farmácias e pizzarias costumam ganhar ímpeto.

Mas a despeito do aumento do volume causado por situações ambientais, fiquei curioso com a queixa do entregador. Enquanto estava no caixa, perguntei ao atendente sobre as entregas e questionei se o entregador recebia remuneração por quantidade de entregas. A resposta: SIM!

A partir daí, fiquei confuso. Como pode alguém que é remunerado pela quantidade de entregas reclamar justamente da BOA quantidade de entregas? Inquieto que estava, provoquei o atendente quanto à questão e seu ponto de vista. Segundo o atendente, a suposta queixa do entregador não era uma questão de insatisfação e sim apenas uma brincadeira, um passatempo e uma forma de satirizar as situações do dia-a-dia.

Ainda insatisfeito, questionei quanto aos tipos de brincadeiras que ocorriam quando a situação era inversa. Ou seja, uma situação de baixo volume de entregas. “Aí não tem brincadeira”, decretou o atendente. “Quando as entregas estão em baixa o entregador fica quase que desesperado”.

Situação um tanto quanto paradoxal não é mesmo? Se tenho entregas para fazer, ainda que de “brincadeira”, reclamo das mesmas e sugiro retirar o telefone do gancho como forma de cessar a demanda por novas entregas. Se não há entregas, clamo aos céus por uma ligação que torne importante os meus serviços e remunere minha função. Talvez seja por isso que tanta gente anda de lado na vida ou por vezes patina. Talvez, mesmo sem perceber, vivem em conflito entre o que desejam para si e o que desejam fazer para conseguir obter.

No que pese a atuação quase esquizofrênica do entregador, para os gestores, empreendedores e empresários fica o alerta: quando brincadeiras deste tipo acontecem no “palco” da loja, imagine o que acontece nos bastidores. De um jeito ou de outro, recordem que “tire o telefone do gancho” foi à primeira frase que ouvi ao adentrar a farmácia e, portanto o meu primeiro contato com a empresa. Comportamentos como estes são inaceitáveis em um ambiente de varejo e precisam ser combatidos com vigor e banidos da cultura.

Os funcionários; sejam eles entregadores, garçons, atendentes ou quem quer que seja, precisam entender qual o impacto destes comportamentos no ambiente cultural, nas relações com o cliente e nos resultados da empresa e compreender que este tipo de atitude geralmente culmina por causar problemas para toda a cadeia, inclusive os próprios funcionários.

Diante desse raciocínio fica a pergunta: funcionário que causa impacto negativo no ambiente da empresa está fazendo sabotagem ou cometendo suicídio?

Reflita sobre isso e triunfe!

Scher Soares é administrador de empresas e diretor do Grupo Empresarial Triunfo.
scher.soares@grupotriunfo.com

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