terça-feira, 3 de novembro de 2009

UM CARRO VENDIDO A CADA 12 SEGUNDOS

Com quase 1,4 milhão de veículos comercializados no primeiro semestre, o Brasil assume -- quem diria? -- o quinto lugar entre os maiores mercados do mundo, superando Inglaterra, França e Itália

Alexandre Battibugli Concessionária Mini Cooper em São Paulo: o dobro das vendas previstas inicialmente pela BMW Por Carolina Meyer | 01.10.2009 | 00h01
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É muito provável que dois setores primordiais da economia mundial passem para a história como símbolos máximos da última crise e seus efeitos. Os bancos foram o epicentro do tumulto. A indústria automobilística, sua face mais destrutiva e, quem sabe, renovadora. A crise fez o que muita gente achava impossível: acabou com o mundo de fantasia que se criara em torno de dois símbolos americanos, a Chrysler e a GM. As duas, hoje, tentam se reerguer após um penoso processo de concordata, do qual a GM saiu estatizada. A japonesa Toyota, conhecida por sua eficiência e capacidade de adaptação ao mercado, não ficou imune. Com vendas em queda em seus dois principais mercados, os Estados Unidos e o Japão, a montadora encerrou 2008 com prejuízo de 4,4 bilhões de dólares, algo que não acontecia desde os anos 50. Com os principais mercados do mundo em queda, parecia questão de tempo até que a turbulência tragasse o até então pujante mercado brasileiro, que vinha crescendo a taxas asiáticas desde 2006. Não foi o que aconteceu. O Brasil foi um dos sete países que conseguiram crescer a despeito da crise no primeiro semestre deste ano. Entre janeiro e junho, foram vendidos 1,4 milhão de veículos, aumento de 4,1% em relação ao mesmo período do ano passado. Foi o suficiente para que o país passasse da nona para a quinta posição no ranking dos maiores mercados mundiais. Até o final do ano, estima-se que sejam vendidos 2,7 milhões de veículos, um recorde histórico. "O Brasil é um dos mercados mais importantes do mundo", afirma Marcos Oliveira, presidente da Ford no Brasil. "Essa escalada é prova disso."

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É verdade que tal escalada se deve, em parte, à retração de mercados tradicionais como Inglaterra, França e Itália, que ocupavam a 5a, 6a e 7a posição do ranking, respectivamente. Desde a eclosão da crise, em setembro do ano passado, as vendas de automóveis nesses países recuaram mais de 20% -- e nada indica que elas deverão se recuperar tão cedo. Mesmo assim, o Brasil fez sua parte. A extinção da alíquota de IPI sobre os veículos nos primeiros meses do ano derrubou os preços em aproximadamente 7%, produzindo o desejado aumento nas vendas. "Existe uma forte demanda reprimida no Brasil", afirma Oliveira, da Ford. Segundo as projeções mais conservadoras, que não levam em conta eventuais aumentos de capacidade, o Brasil deve saltar do patamar de 2,7 milhões de carros vendidos por ano para quase 4 milhões de unidades até 2015. Essa diferença, de mais de 1 milhão de carros, equivale ao total do mercado de um país como a Itália. E ainda há bastante espaço para continuar crescendo. Além de contar com uma das frotas mais velhas do mundo, em torno de 13 anos, o Brasil apresenta uma baixa densidade de veículos: 1 carro para cada 6,4 habitantes. Nos Estados Unidos, essa proporção é de 1 carro para 1,2 habitante. "Há muita gordura para queimar. Até que cheguemos ao mesmo patamar do mercado americano, será preciso vender mais de 50 milhões de carros", diz Oliveira.

O fôlego aparentemente inesgotável apresentado pelo mercado brasileiro nos últimos anos pode ser creditado a dois fatores. O primeiro é o preço do carro popular, que tem ficado cada vez mais acessível. Um levantamento realizado por EXAME nos últimos 40 anos mostra que o modelo mais vendido atualmente no país, o Gol, da Volkswagen, custa cerca de 40% menos que o campeão do final da década de 60, o Fusca 1300. Ao mesmo tempo, a oferta de crédito para a compra de automóveis passou praticamente incólume pela turbulência financeira. De acordo com a Associação Nacional das Empresas Financeiras das Montadoras (Anef), a carteira de crédito encerrou o mês de julho com saldo de 149 bilhões de reais -- 12% mais que o mesmo período do ano passado. Os prazos máximos de financiamento também aumentaram: passaram de 72 meses no ano passado para 80 meses em 2009. Não por acaso, essa modalidade responde hoje por mais de 50% das vendas de veículos no país. "Até 1996, praticamente não existia financiamento de veículos no Brasil", afirma Luiz Montenegro, presidente da Anef. "Os prazos não passavam de seis meses e o leasing para pessoa física era proibido. Só agora os consumidores têm amplo acesso ao crédito."

CLAUDIO
MUNDO VERDE

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