quarta-feira, 15 de junho de 2011

Classes C, D e E perdem impulso de ir às compras

Um dos principais motivos é a inadimplência. Mais endividada e com os ganhos corroídos pela inflação, essa parcela da população começa a atrasar as prestações. Em maio, a inadimplência cresceu pelo quarto mês seguido, avançando 8,21% em relação ao mesmo mês de 2010. O maior volume de atrasos está nos financiamentos com prestações baixas: 75,74% dos inadimplentes no mês passado tinham prestações atrasadas de até R$ 250, sendo que aqueles com parcelas de até R$ 50 representavam 32,67% do total, um salto em relação aos 24,97% de calote nesses contratos em janeiro.
Apenas no Estado do Rio de Janeiro, 15,7% dos entrevistados da classe C disseram ter alguma prestação atrasada (contra 12,1% de um ano antes) e 21,6% afirmaram que o orçamento familiar será deficitário após o pagamento das despesas, de acordo com o PEC (Perfil Econômico do Consumidor Brasileiro), da Federação do Comércio do Estado do Rio de Janeiro.
Segundo Christian Travassos, economista da instituição, nesses casos, a gordurinha do orçamento não foi suficiente para lidar com a alta da inflação e um forte acúmulo de consumo nos últimos anos. Esses consumidores assumiram compromissos além de sua capacidade de pagamento e agora vão reduzir as compras para conseguir pagar as dívidas.
Pesquisa realizada pela ACSP (Associação Comercial de São Paulo), também de maio, mostra que o índice de confiança da classe C caiu 6,5% e chegou aos 144 pontos, próximo da média do País, de 143 pontos. Foi a segunda vez este ano que o indicador dessa classe de renda se aproxima da média nacional, fenômeno que não ocorreu em todo o ano passado. “A classe C foi a mais afetada pelas medidas do Banco Central para encarecer o crédito, justamente porque depende mais dos parcelamentos para poder comprar”, afirma Emílio Alfieri, economista da ACSP.
Atenta a todos esses sinais, a Fecomércio-SP já trabalha com a perspectiva de uma estagnação nas vendas no primeiro semestre em relação à primeira metade de 2010. Os dados da pesquisa conjuntural do comércio varejista na Região Metropolitana de São Paulo mostram um crescimento de apenas 0,1% no faturamento do varejo de janeiro a abril, comparado a igual período do ano passado.
A Pesquisa Mensal do Comércio, do IBGE, divulgada na semana passada, registrou a primeira queda nas vendas em 11 meses. Outro fator que pesou nas contas foi o encarecimento dos alimentos, que consomem boa parte dos R$ 1,3 mil que ganha a classe C. Um levantamento da consultoria Kantar Worldpanel em 8,2 mil domicílios mostrou desaceleração no consumo de todas as camadas da população no primeiro trimestre, frente ao mesmo período do ano passado. Entre o público C, o consumo por unidade continua subindo, mas em ritmo menor: 3% de janeiro a março, ante taxa de 16% nos primeiros três meses de 2010.
Fonte: O Globo-RJ

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