terça-feira, 12 de abril de 2011

Marcas brasileiras em solo lusitano

O forte crescimento do franchising no Brasil também estimula os franqueadores rumo à internacionalização das suas marcas. Já existem 68 redes brasileiras em 49 países de todos os continentes, totalizando mais de 700 unidades. E o principal destes destinos é Portugal, onde já se instalaram 29 marcas de franquias brasileiras.

Segundo o gerente de relacionamentos da ABF, Rogério Feijó, “o mercado português é uma excelente porta de entrada para a Europa, assim como adequado para as empresas brasileiras que estejam iniciando seu processo de internacionalização. Não é um mercado fácil, nem extenso, porém, fatores como idioma e similaridade cultural, por exemplo, podem servir como base de apoio para uma expansão na Europa, Oriente Médio e norte da África, amparados pelos acordos bilaterais entre Brasil e Portugal, assim como o fato do país fazer parte da União Européia”.

O gerente de expansão do Grupo Ornatus, Eduardo Morita, lembra que a decisão da Morana em fincar sua bandeira em Portugal ocorreu em 2006, quando a marca atingiu seu 4º ano de existência. “Na realidade, desde quando a Morana foi criada, imaginamos a marca atuando em mercados internacionais, ou seja, adotamos o modelo de trabalho de países da Ásia e EUA, onde o negócio tem esse molde.

Portugal foi o destino escolhido para iniciarmos este processo pela facilidade da língua. Estamos baseados no Porto, mas nosso próximo passo é Lisboa, que possui todas as nuances de uma cidade européia economicamente ativa”.

Com a Hope, o processo foi diferente: “Tínhamos interesse em levar a Hope para a Europa, porém, antes disso, fomos procurados por investidores portugueses que já conheciam a grife e estavam interessados em levá-la para Portugal” – detalha Carlos Eduardo Padula, gerente comercial da Hope Lingerie. “Hoje, temos três lojas por lá: Lisboa, Porto e Leria” - completa ele.

Estratégias

Apesar da facilidade da língua, implantar franquias brasileiras em solo português exige alguns cuidados. Um deles é conhecer bem o perfil do consumidor, para saber se o que está sendo oferecido é aquilo que desejam comprar. “Encomendamos uma pesquisa

sobre os hábitos de consumo do povo local para a oferta de produtos naturais e saudáveis e o resultado foi altamente favorável. Diante disso, não tivemos dúvidas em levar a Mundo Verde para Vila Nova de Gaia, região do Grande Porto. Nossa expectativa, para os próximos três anos, é chegar à Lisboa. Poderia ter acontecido antes, não fosse crise européia que tem apresentado impacto relevante em Portugal” - revelou Donato Ramos, diretor de marketing da Mundo Verde.

“O ideal mesmo é desenvolver uma pesquisa para a realização do focus group e depois partir para um levantamento mais quantitativo. No caso da Morana, realizamos um trabalho mais empírico, ou seja, de tentativa e erro. Implantamos e testamos alguns modelos de trabalhos que nortearam os passos seguintes, e assim sucessivamente.

Neste processo, adaptamos nosso mix de produtos criando, por exemplo, peças para o público masculino, o que não é feito por aqui, para atender à demanda local. Outra aposta foi ampliar o leque de ofertas de produtos com maior apelo artesanal, pois o europeu dá muito valor a isso” - garante Morita.

Já a Hope decidiu apostar justamente em seu diferencial, ou seja, oferecer uma lingerie com toda a “bossa” e sensualidade brasileira. “Nunca nos arrependemos disso, porém, passamos a ter que competir com os “players” locais, grandes marcas e redes que estão presentes de forma massiva em toda a Europa. Por isso, nossa estratégia em Portugal, diferente do Brasil, é atuar como marca de nicho” - pondera Padula.

Dificuldades

Mas nem tudo que reluz é sempre ouro, já dizia o velho ditado. Dificuldades também existem e é importante dar atenção à elas. “Apesar de gostar do que produzimos e da excelente repercussão das novelas brasileiras exibidas por lá pela Globo e Record Internacional - que mostram muito da moda, música e costumes brasileiro - o lusitano é bastante conservador na hora da compra. Por isso, é bom não misturar admiração com negócios” - acredita o gerente de expansão da Morana.

“A distância e a sazonalidade climática são fatores que já nos fizeram trabalhar muito para alinhar nossos cronogramas de ações de marketing e coleções” – ressalta Eduardo Padula.

“A maior dificuldade enfrentada no processo de implementação da Mundo Verde em Portugal foi o reconhecimento da marca e o relacionamento com fornecedores locais. Hoje, o momento é outro: nos últimos anos, diversas marcas brasileiras chegaram ao mercado português e desenvolvem um excelente trabalho de fortalecimento da “marca Brasil” - explica Donato Ramos.

E é esse fortalecimento que inspira as marcas brasileiras a apostarem cada vez mais na expansão dos seus negócios.“Portugal, hoje, é o maior receptor de marcas brasileiras de franquias. E boa parte delas atua há bastante tempo neste mercado. Porém, se analisarmos os setores de atuação dessas vinte e nove marcas veremos o quanto heterogêneo eles são. Ou seja: há muitos outros conceitos com espaço para crescer neste país. O que justifica o interesse das empresas de participarem do Pavilhão Brasileiro

na próxima ExpoFranchise 2011, promovido pela ABF e APEX-BRASIL, que acontecerá em Lisboa nos dias 13, 14 e 15 de maio próximo” – completa Rogério Feijó.


fonte - portal do varejo

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