A decisão do Conselho de Política Monetária (Copom) do Banco Central de manter a taxa de juros em 10,75% ao ano a taxa de juros foi mais um ato no sentido de influenciar as condições de crédito no país. Como o financiamento é um dos principais vetores responsáveis pelo crescimento do consumo nos últimos anos, manter o crédito caro é uma forma de frear a demanda, atualmente em franca expansão, adequando-a com a oferta de bens e serviços, que não consegue responder com a mesma velocidade. Dessa forma, barra-se a inflação e se mantém uma conquista cujo imenso valor nem se discute.
Com a economia andando muito bem, obrigado, a redução das taxas de juros (junto com a irrigação de recursos no mercado), que foi uma das medidas críticas adotadas durante a crise financeira internacional, foi revertida nos últimos meses. A boa notícia é que o aperto deve ser menos intenso do que se imaginava alguns meses atrás. E apesar de tudo, a taxa de juros deverá circular em um platô mais baixo do que em épocas anteriores. As razões por trás dessas conclusões são:
FONTE - GSEMD
- a taxa de inadimplência (6,5% em julho) segue nos menores níveis desde 2005, o que reduz o custo do risco de calote embutido nos empréstimos. A razão para essa baixa taxa é que os fortes ventos da economia soprando a favor ajudam mais e mais famílias a saldar suas dívidas em dia, pois elas conseguem colocação no mercado de trabalho (em sete meses foram geradas 1,6 milhão de vagas formais em 2010, mais do que em qualquer ano da década); ou mais renda em termos reais (o Dieese - Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos divulgou que 97% das negociações salariais coletivas resultaram em ganhos reais para os trabalhadores no primeiro semestre);
- adicionalmente, a expansão do crédito consignado em folha de pagamento nos últimos anos culminou com uma alteração estrutural das condições de crédito. A baixíssima taxa de inadimplência dessa modalidade de empréstimo conseguiu viabilizar um notável crescimento dos recursos para financiamento sem criar uma bolha creditícia no Brasil;
- a taxa de juros ao consumidor vai subir como remédio para a inflação. Porém os últimos números mostram que esse mal deve ser menor do que estava diagnosticado. Após dois meses de inflação nula (ou perto disso) em junho e julho, a expectativa é que a inflação acumulada ao final do ano fique dentro da meta de inflação, de 4,5% ao ano com margem de dois pontos percentuais a mais ou a menos. Logo, o pisão no freio do consumo pode até ser levemente amortecido nos próximos meses.
O direcionamento da taxa de juros deve considerar esses elementos no futuro. Por outro lado, o volume de recursos deve seguir em alta – movimento que precisa ser sustentado ainda por longos anos, já que a relação estoque de crédito/PIB brasileira, em torno de 46%, ainda é muito baixa.
As condições de crédito ainda nem sequer beiram as ideais, mas já evoluíram muito em relação ao que se viu no começo da década. É esperar e ver qual será a história a ser contada ao final dos promissores anos 2010...
sexta-feira, 3 de setembro de 2010
Artigo ECONOMIA NA PONTA DO LÁPIS - O freio do freio
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