Ao largo de várias redes grandes do varejo brasileiro, a crise na verdade
levou redes como Renner, Telhanorte e Drogasil a saírem até melhor do
período de turbulências e com expectativa de terem um 2010 de
grande crescimento. Isso porque aproveitaram o momento para se consolidar e
avançar em suas áreas, com redução de gastos e revisão de contratos.
A gaúcha de vestuário Renner, comandada por José Galló, é uma das que viu
suas vendas caírem 12% nas mesmas lojas no primeiro trimestre deste ano, em
função da retração do mercado e de pequenos erros de ajustes de estoque, mas
que já conseguiu reverter a queda e fez mudanças que já desejava realizar
antes. “A crise é boa para fazer as coisas andarem mais rápido e
aproveitamos para consolidar processos internos”, disse Galló, durante o 2°
Congresso Latino-Americano de Varejo, da Fundação Getulio Vargas (FGV),
semana passada.
O CEO da Renner explicou que no início do ano o segmento como um todo teve
queda de cerca de 7% em função da crise, mas suas vendas caíram ainda mais,
12%. “Tivemos uma queda relevante, mas os estoque já está normalizado, no
último trimestre crescemos 2,1%”, afirmou ele.
Galló destacou que houve ainda uma grande mobilização de funcionários; são
quase 11 mil nas 118 lojas da rede, mostrando que a empresa estava
preparada, mas que precisaria de empenho. Todos os contratos foram revistos.
“Sempre se acha um pouco de ‘gordura’, mesmo quando achávamos que tínhamos
feito tudo conseguimos descontos adicionais, diminuímos um pouco o número de
fornecedores para aumentar o poder de barganha”.
A companhia também reduziu um pouco a participação de importados e baixou
preços no período, mas buscou manter seu perfil de público [A, B e C+], sem
cair na tentação de passar a focar a classe C, que teve o maior crescimento
de renda. “Temos público-alvo um pouco diferente dos concorrentes, C&A e
Riachuelo, que atingem mais o público B e C, temos que persistir no modelo.”
Para o Natal, a expectativa é otimista e prevê contratação de funcionários
temporários. Galló ainda disse que o setor de perfumaria foi um dos que mais
cresceu na crise e deve continuar a apostar nesse mercado, entrando no
comércio eletrônico com a venda de relógios e perfumes no início de 2010. No
final do ano farão experiência com o site, que terá sua logística separada
das lojas físicas e terceirizada. Não há intenção de vender roupas pela
internet, devido a dificuldade de padronização de tamanhos, mas lingeries
poderiam ser vendidas no futuro.
Fernando Castro, do Grupo Saint-Gobain e ex-presidente da rede de material
de construção Telhanorte, também afirmou, durante o evento da FGV, que quase
não sentiu a crise e na verdade espera um bom segundo semestre, período que
concentra 58% das vendas da rede. “Tem que ter um bom radar para passar bem
pelas turbulências, os que estão se dando bem agora se posicionaram já
pensando no pós-crise”.
Na Drogasil, uma das líderes do varejo farmacêutico, Cláudio Roberto Ely,
presidente da rede, afirmou que também houve avanço e ganho de mercado com a
crise. “Temos que investir muito nos processos internos e houve ainda um
forte endomarketing, é o funcionário que vai fazer o negócio, é importante a
certeza e estampar que a empresa vai vencer”, diz.
fonte: DCI
CLÁUDIO OLIVEIRA
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quinta-feira, 5 de novembro de 2009
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